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Coleções
A aquisição do acervo etnográfico se deu por duas vias: a doação e a compra. A primeira foi efetivada, inicialmente, por pessoas da comunidade e a segunda pela Universidade. Destacam-se, neste sentido, coleções e peças de relevância que possibilitaram inúmeras pesquisas e, consequentemente, a sua difusão a público. A iniciar pela coleção de 100 peças doada ao antigo NUHCIS (hoje CDHIS), composta por peças diversificadas dos grupos Karajá, Terena, Javahé, Xambioá, Krikati, Xerente, Xavante e Krahô. Esta coleção compreende objetos de uso e conforto doméstico, adornos, instrumentos musicais e de sinalização, armas e cerâmica. Neste mesmo período, alguns artefatos foram doados por alunos e professores da UFU e também fizeram parte da exposição organizada pelo museu para sua abertura a público. Alguns objetos doados por empresas da cidade, a exemplo de 02 máscaras rituais Tapirapé, motivaram inclusive, uma pesquisa de campo realizada neste grupo em 1991, apoiada pela busca de maiores informações sobre os referidos artefatos e seu contexto mítico.
A possibilidade de se organizar coleções e adquiri-las no seu local de origem constituiu-se em experiência muito importante, pois, esse modo possibilitou extrair dados mais precisos sobre a peça, o que seria talvez impossível mediante outros meios. Desta maneira, detalhes sobre as formas e ocasião de uso, a sua utilidade e, sobretudo, a matéria prima utilizada em sua confecção, são sempre informações que escapam aos doadores quando fazem sua aquisição e que são extremamente importantes para compor a história do objeto e promover o seu registro. Neste sentido, em 1995, foi organizada uma coleção junto ao povo Maxakalí de Minas Gerais e adquirida pela Universidade, o que sem dúvida, cumpriu com as finalidades a que se propôs. Duas outras coleções também foram obtidas em área indígena e, posteriormente doadas ao Museu: um conjunto diversificado dos Tapirapé e uma coleção de trançados dos Kaingang. Nas duas oportunidades, os dados trazidos de campo, sobre os objetos, puderam contribuir, sobremaneira, para uma documentação mais satisfatória.
A Universidade adquiriu 3 coleções muito significativas. A primeira delas, uma coletânea de 70 bonecas litxokó [1] do grupo Karajá. A segunda, um conjunto de objetos de diversas tipologias dos índios Mentuktire, subgrupo Kayapó do Xingu. E, finalmente, uma coleção de plumária dos índios Rikbaktsá, proveniente do Médio Juruena, estado de Mato Grosso. Esta última reveste-se de singular importância, porque segundo informação da profa. Berta Ribeiro, enquanto coleção era a única existente em museus brasileiros.
Diversos objetos, esparsos em sua composição, têm sido motivo de doação constante ao Museu do Índio. Não menos importantes, eles têm cumprido sua missão, qual seja a de propiciar novas investigações, permitindo a comunicação com o público visitante e pesquisador.
[1] Litxokó é o nome dado às bonecas feitas em cerâmica pelo grupo Karajá.